terça-feira, 14 de abril de 2009

Citroen C4 Picasso


O estilo “guarda-chuva” está tão incorporado à minivan Xsara que vai ser difícil não haver um choque no primeiro contato visual com a Citroën C4 Picasso. Com espaço para cinco pessoas, trata-se de uma minivan menor que a Grand C4 Picasso, lançada um mês antes, que leva sete. Ela também é mais modesta no tamanho e no preço. Custa 80 700 reais, enquanto a Grand C4 Picasso sai por 86 560 reais. É um erro, porém, imaginar que a C4 Picasso é simplesmente uma Grand C4 Picasso em escala reduzida. Ambos compartilham plataforma, motor e diversos outros componentes. Mas a Citroën conseguiu produzir dois modelos bastante distintos.
Enquanto a C4 Picasso tem estilo leve e esportivo, a C4 Grand Picasso é mais clássica e conservadora. A C4 Picasso – doravante C4 – foi feita para uma família jovem, com no máximo dois filhos. Por sua vez, a Grand Picasso atende a uma família mais madura, em idade e em número de pessoas, onde a minivan é muitas vezes o segundo carro da casa.
A diferença de conceitos aparece no design. A C4 tem a linha de teto em forma de arco com caimento acentuado e a tampa traseira lembra a de um hatchback, enquanto na Grand Picasso a linha do teto é quase plana e a tampa, vertical. As lanternas da C4 são horizontais e as da Grand Picasso foram instaladas nas colunas, como em uma minivan típica. Na lateral da C4 há um desnível na linha dos vidros, que os franceses chamam de “onda”, que dá uma sensação bem interessante de movimento. E na dianteira, onde os dois modelos mais são parecidos, a C4 ganhou novo parachoque e uma entrada de ar mais alta, que a deixou com ar mais agressivo.
Não bastassem as diferenças visuais, o comportamento das duas também é distinto. Apenas 12 cm mais curta e 49 kg mais leve, a C4 é mais fácil de manobrar e versátil no trânsito. Na pista de testes, ela foi ligeiramente mais rápida que a irmã maior, avaliada em junho de 2008. Nas provas de aceleração, fez de 0 a 100 km/h em 12,9 segundos, enquanto a Grand Picasso obteve 13,6 segundos. E, nas retomadas de 40 a 80 km/h, fez 6,3 segundos contra 6,8. No que diz respeito ao consumo, a Grand Picasso teve uma pequena compensação por ter ficado para trás nas provas de desempenho. As médias foram de 8,3 km/l, para a C4, e 8,6 km/l, para a Grand Picasso, na cidade, e de 11,6 e 12,3 km/l, respectivamente, na estrada.
O defletor sobre a vigia dá ainda mais jovialidade ao conjunto
Assim como a Grand Picasso, a C4 é um carro preocupado com a segurança. Entre os itens de série, destacam-se equipamentos como ESP, sete airbags, sistema Isofix de fixação de cadeirinha para bebês e cintos de segurança de três pontos em todas as posições. No painel existe um mapa que avisa ao motorista se alguém está sem cinto – o que pode ser conferido com o auxílio de um segundo retrovisor interno. Visibilidade, aliás, é o que não falta para o motorista. A C4 tem uma ampla área envidraçada, graças às colunas estreitas e ao parabrisa inspirado no trem-bala francês (TGV), com um ângulo de visão vertical de 70 graus, quando o normal seria metade.
A ergonomia conta com o volante de cubo fixo, com os comandos à mão. Mas, com a alavanca do câmbio instalada na coluna da direção, nas primeiras vezes é quase inevitável ativar o limpador do parabrisa ao trocar de marcha. Se a alavanca fosse maior, talvez resolvesse o problema, mas ficaria feia. Um sistema de seleção das marchas igual ao da Aston Martin, com teclas no painel, quanto custaria?
Em relação ao conforto, não há motivo para reclamação. Os bancos são individuais para todos. Na dianteira, eles são envolventes e contam com apoios para braços. Na traseira, há espaço para até três cadeirinhas de criança, ou duas mais um adulto, uma vez que cada banco tem 45 cm de largura e pode se deslocar em até 13 cm longitudinalmente. Não faltam porta- trecos, inclusive um central que é refrigerado. E o ar-condicionado dual-zone tem saídas com ajuste de ventilação nos quatro quadrantes da cabine, sistema de aplicação de perfume e sensor de poluição – que fecha a entrada de ar da cabine quando o nível de poluentes externos está elevado. Quando o assunto é qualidade do ar, aliás, a atenção extrapola a cabine. A C4 tem uma tampa automática dentro do bocal do tanque que ajuda a diminuir as emissões evaporativas durante o abastecimento.
A C4 roda com suavidade e sua suspensão assegura boa estabilidade, embora sofra com os defeitos de nossas ruas. O câmbio sequencial de quatro marchas está bem escalonado e dispõe de opção das trocas no modo manual no volante. Assim como nos modelos automáticos da irmã Peugeot, o câmbio apresenta um solavanco ao reduzir para a primeira marcha.
Com a chegada da C4, a Citroën fica com três opções de minivan: Xsara Picasso, C4 Picasso e Grand C4 Picasso. A fábrica deve reposicionar a Xsara, que hoje é oferecida em quatro versões (resultado da combinação de duas opções de motor, 1.6 e 2.0, e dois padrões de acabamento, GLX e Exclusive). A Citroën espera manter a média de 700 unidades/mês da Xsara, enquanto a C4 deve ficar com a média de 400 unidades/ mês e a Grand Picasso, 200 unidades/mês. Apesar de menor, a C4 deverá vender mais. Se a atenção que ela desperta nas ruas servir de termômetro, essa pode ser uma boa aposta.

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