sexta-feira, 20 de março de 2009

Como proceder em caso de alagamentos


De maneira geral, o proprietário de um veículo não tem noções de como proceder no caso de ter de passar por uma região em que há alagamento provocado por chuvas fortes. Com isto, muitas vezes, acaba piorando os danos sofridos pelo veículo, aumentando os custos do reparo que deverá ser feito ou até condenando o veículo. Responsável por um estudo que classifica os veículos de acordo com sua vulnerabilidade a danos provocados por alagamentos, o CESVI BRASIL (Centro de Experimentação e Segurança Viária) recomenda uma série de atitudes a serem tomadas para minimizar os danos ao veículo caso seja impossível evitar a região alagada.
Caso o motor morra durante a travessia, jamais tente dar a partida, mantenha-o desligado e remova o veículo até uma oficina. Diante da possibilidade de admissão de água, essa prática reduz o risco de danos causados ao motor por um calço hidráulico.
Observe a altura do nível de água do trecho alagado, a maioria das montadoras estabelece uma altura máxima para essas travessias, não podendo exceder o centro da roda.
É prudente que o veículo, durante o alagamento, seja dirigido em baixa velocidade, mantendo uma rotação maior e constante ao motor, em torno de 2.500 RPM, o que diminui a variação do nível da água e seu respingar junto ao motor, dificultando sua admissão indevida e a contaminação de componentes eletroeletrônicos, melhorando a aderência e a dirigibilidade do veículo.
No caso de veículos equipados com transmissão automática, a troca de marchas deve ser feita manualmente, selecionando a posição "1". Dessa forma, o veículo não desenvolve tanta velocidade, sendo possível imprimir uma rotação maior ao motor. Outra possibilidade é manualmente alternar a troca de marchas entre "N" e "1", de modo a manter a velocidade do veículo baixa durante o trecho alagado, sem descuidar da rotação do motor, sempre em torno de 2.500 RPM.
Alguns veículos automáticos oferecem como opcional o ajuste da tração, conhecido como "WINTER" ou "SNOW". Embora sua função seja a de conferir maior segurança durante trechos de baixa aderência, como neve ou lama, evitando que o veículo patine graças ao bloqueio do diferencial, também deve ser utilizado durante alagamentos, pois beneficia o controle da velocidade do veículo e da rotação do motor.
Mantenha a calma nos casos em que, durante a travessia, sejam constatados sintomas como o aumento de esforço ao esterçar (direção hidráulica), variação na luminosidade das luzes do painel de instrumentos, alertas sonoros, flutuação dos ponteiros, luzes de anomalia da injeção eletrônica, bateria e ABS (se disponível) acesas, aumento do esforço ao acionar os freios e interrupção do funcionamento da tração 4 X 4 (veículos diesel), pois provavelmente todo esse quadro é causado pela perda de aderência entre a correia auxiliar e as respectivas polias da bomba da direção hidráulica, alternador e bomba de vácuo (veículo diesel), sendo, na maioria das vezes, um fato passageiro que não impede a dirigibilidade. Apenas reforce a cautela e mantenha o menor número possível de equipamentos ligados.
É recomendado desligar o ar-condicionado, reduzindo assim o risco de calço hidráulico. Essa prática impede que alguns componentes joguem água na tomada de ar do motor.
Veículos rebaixados e turbinados, na maioria das vezes, apresentam maiores riscos de sofrer calço hidráulico; por isso, é aconselhável manter a originalidade da montadora. Se o veículo estiver nessas condições, redobre a atenção aos procedimentos sugeridos.
Para os casos mais sérios de alagamentos, é recomendado preventivamente fazer um check-up, corrigindo, por exemplo, possíveis alterações do sistema de injeção eletrônica, muitas vezes simples e imperceptíveis nessa fase, como maus contatos, mas que posteriormente podem gerar grandes transtornos.
Pode haver, entre outros, a contaminação do canister, do óleo da transmissão, do(s) eixo(s) diferencial(is), no caso de veículos com tração traseira ou mesmo quatro por quatro, o que determina a redução da vida útil dos componentes integrantes desses conjuntos, além de riscos acentuados de falhas na embreagem, suspensão e freios. Para combater os efeitos dessa possibilidade, é recomendável encaminhar-se rapidamente até uma oficina e solicitar a avaliação desses itens.
Havendo travessias consecutivas de alagamentos, recomenda-se uma limpeza do sistema de ventilação, pois estará sujeito à contaminação por fungos, microorganismos e bactérias, demandando limpeza de todo o sistema para a utilização segura.
Índice de danos de enchente
Com o objetivo de proporcionar mais um indicativo técnico para os mercados automobilístico, segurador, reparador e para o consumidor final, o CESVI BRASIL lançou um estudo que aborda o risco relacionado a alagamentos e os possíveis danos que os veículos possam sofrer em função de suas características mecânicas e eletroeletrônicas.
Por meio dele, foi elaborado um índice de danos de enchente, que deu origem um ranking que indica e compara a eficiência de cada veículo em manter seu funcionamento quando envolvido em alagamento, garantindo sua mobilidade.
fonte: Site da revista Quatro Rodas

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